segunda-feira, fevereiro 04, 2008

O Basofe

                                                   

Hoje, em jeito de documentário do National Geografic, vou falar-vos do Basofe, esse espécime que pode ser avistado em qualquer ajuntamento de adolescentes ou jovens. Parto do princípio que toda a gente sabe o que é um basofe, se por acaso não souberes, de certeza que serás um daqueles portugueses que vive numa aldeia do interior, onde se morre por causa do encerramento das urgências médicas e portanto és menos português que os outros, mas hoje vou abrir uma excepção e para esses eu vou explicar o que é.

O basofe é uma espécie animal muito em voga, que veste roupas largas onde caberiam duas ou três pessoas, que até parece terem sido vestidas por aqueles figurantes do produto "Reduce Fat Fast" das educativas TeleVendas que dão de madrugada, na fotografia do "Antes" de tomar as famosas e milagrosas drageias(vêem como as TeleVendas são educativas, foi lá que aprendi esta palavra!). Geralmente as calças estão vestidas de maneira a que todos possam ver a sua roupa interior, tal e qual como os babuínos a exibirem o seu traseiro e com as meias por cima "à guarda redes". As camisolas costumam ter desenhos de grafitis e de outros basofes, com capuz e por cima, bem visível está um fio(que se assemelha muito aquelas correntes que seguram a tampa da banheira, lavatório e bidé) com uma chapa metálica, tal e qual como os militares dos EUA ou então o inevitável terço. Na cabeça usam um boné de uma qualquer equipa de basebol que possívelmente nem conhecem e nos pés uns ténis com vários pares de meias só para encher, para dar o chamado "efeito joanete" sempre bonito de se ver! Em alternativa ao boné (que orgulhamente usam na diagonal ou em qualquer outra direcção, desde que esteja torto), podem usar um gorro e quando vão ao Lidl, Minipreço e estabelecimentos similares, vá-se lá saber porquê… usam um kispo mesmo que seja Verão. O cabelo varia, mas em muitos casos está curtinho e com um corte em que aparece desenhado o símbolo da Nike, efectuado talvez por algum jardineiro mais habilidoso da Câmara Municipal, habituado a fazer de arbustos verdadeiras obras de arte. Faltam alguns adereços, a inevitável bolsa à volta do pescoço, a trela com as chaves penduradas na ponta e outros tantos que poderia agora referir, mas nesta altura já todos conseguiram identificar O Basofe.

Terminada a descrição física de um basofe, vou passar à descrição comportamental. Qualquer basofe que se preze, ou fala crioulo e restantes linguagens tribais, apesar de nunca ter ido mais a sul do que o Algarve, ou mistura palavras inglesas com portuguesas talvez com o intuito de se tornar milionário, tal e e qual o Joe Berardo. Quem nunca ouviu algo como isto: "Vais para a school de bus?", "Vais pá night?". Inventam também novos termos muito bonitos como "nina", "dama", etc. Quando se encontram dois basofes, cumprimentam-se como se estivessem a limpar a sua mão, na mão do seu "brother" ou a tentar fazer fogo raspando duas pedras como os australopithecus e de seguida dão um encontrão no ombro do seu parceiro, tal e qual como os veados quando encostam os chifres em época de acasalamento. Costumam também ter o telemóvel cheio de mp3 com música hip-hop, kuduro, kumole e restantes derivados com "K" a altos berros e enquanto ouvem, entortam os dedos das suas mãos cheias de anéis de ouro a imitar o Quaresma. A espécie animal que melhor se dá com o basofe, é o pitbull, não sei se pelas trombas e "ar de mauzão" que ambas as espécies ostentam. O basofe não caminha, balança o tronco de um lado para o outro, tal e qual como os pombos nas praças do nosso país, só que estes em vez de se alimentarem de milho, comem pizzas e hamburgueres do "Mac".

Uma das coisas que eu gosto no basofe e ao contrário do que muitos possam dizer, é o seu espírito altruísta. Os más-línguas quando vêem um basofe à porta do comboio e a espreitar sempre que ele pára em cada estação, afirmam logo que não tem bilhete e está a tentar perceber em que carruagem está o fiscal. Pois fiquem a saber que isso é uma tremenda injúria! O basofe está à porta e à espreita, para ver se se aproxima algum idoso, para o ajudar a subir para a carruagem e por lá se mantém porque cede aquele que poderia ser o seu lugar sentado, a outra pessoa qualquer mais necessitada. O basofe não rouba, o basofe apenas confisca os bens alheios, porque tem a plena consciência de que os bens terrenos corroem a alma, qual "Robin dos Bosques dos tempos modernos". No fundo o basofe é um líder espiritual, uma espécie de Dalai Lama dos subúrbios.

Outro aspecto que é muito apontado ao basofe, é o facto de andar sempre em grupo. Isso não passam de declarações que reflectem a inveja que os outros sentem, por não serem tão sociáveis e tão altruístas como o basofe. O ser humano é individualista e egocêntrico, o basofe é colectivista e não é ego-isso que acabei de dizer, por isso é que se ajunta em manadas de basofes. O basofe não vai às aulas e desiste da escola, igualmente por altruísmo e amor ao próximo, porque considera que ao estar presente está a prejudicar os outros colegas, baixando as médias das turmas e por consequência fazendo a sua "school" cair no ranking de escolas. Outra demonstração destes sentimentos, dá-se quando o basofe dá com a cadeira no professor. O basofe não está a agredir, o basofe como vê na televisão tanto professor no desemprego e em manifestações por falta de colocação, apenas está a querer dar-lhe um lugar! O problema é que há muita gente que interpreta tudo mal...

O basofe é extremamente religioso, mais religioso que aquelas pessoas que aparecem a rastejar no Santuário de Fátima, de tal modo que até usa um terço ao pescoço. Aliás o basofe é o ser que mais reza, especialmente naqueles momentos em que gentilmente está a confiscar as tentações e ostentações terrenas dos indivíduos com que se cruza na rua e está prestes a ser apanhado pela polícia. E o mau relacionamento existente entre o basofe e aquilo a que eles apelidam de "bófia", é o facto de uns já não se distinguirem lá muito bem dos outros, chegando mesmo a fazer concorrência desleal, como se pode ver no negócio da "night do Porto".

Uma característica que têm em comum com os pitbulls e restante reino animal, é que gostam de marcar o seu território, só que eles em vez de urinarem nos postes e pneus dos carros, cospem para tudo quanto é sítio. Digam lá se não é mais higiénico? Outra característica que partilham com os canídeos, é o facto de estarem constantemente a ameaçar os outros, porque querem pôr na prática o provérbio que diz: "Cão que ladra, não morde.", para que todos os cidadãos se sintam seguros, caso contrário e se não dissessem algo como "Vou chamar o meu brother, o meu primo, o meu...", poderíamo-nos sentir inseguros nas ruas.

O basofe não trabalha, pelo menos não trabalha nos métodos convencionais e retrógrados da maior parte da população. O basofe ou se dedica à espiritualidade, confiscando os bens alheios, ou então dedica-se ao tráfico de estupefacientes(não adoram esta palavra?) ou como agora se diz "substâncias psicotrópicas"(esta foi ainda mais fofinha...). Se na aldeia do Asterix eles podiam, porque é que quando é o basofe a fazê-lo, já acham que é censurável? Cambada de ingratos!

Espero que com esta humilde contribuição, tenha ajudado a descrever o que é um basofe(ou guna à moda nortenha) e a mudar a imagem distorcida e denegrida injustamente por algumas pessoas e pela comunicação social. Muito mais haveria a dizer sobre o assunto, fica para uma próxima oportunidade, que espero que não seja com um intervalo de tantos meses, como agora aconteceu e por isso peço desculpa, porque já era tempo do basofe ter o seu papel reconhecido e o seu próprio documentário!

4 comentários:

Veritaz disse...

Ah, até que enfim que mostras ao mundo o que é o guna. Mas o tempo de espera valeu a pena. Guna que é guna lê isto (acho que eles sabem ler....ou não) e é como que se olhasse para o espelho e dissesse "ai que sou tão lindo, este "mano" sabe ver o meu eu interior, vou-lhe já mandar umas sapatilhas Mike para casa para agradecer esta homenagem." (acho que eles não sabem o que é homenagem mas pronto!)
Parabéns sócio ;)

Celtibera disse...

Olá! Esta é mesmo a cara chapada dos "basofes" que moram perto de mim. Estou rodeada deles, por isso, sei bem...:) O meu irmão está em vias de se "basofar" (leia-se: converter-se em "basofe"), por isso, se conhecerem algumas tácticas de desconversão, era fixe pô-las aqui também... Agora a sério, não resisti e tive de comentar. Gosto de um blog assim, com sentido de humor. :) Parabéns!

Try Again disse...

Olá Celtibera, muito obrigado pelo teu comentário e palavras simpáticas sobre o nosso blog. Se o teu username se deve a seres uma apreciadora de música celta, já temos mais uma coisa em comum, para além do facto de vivermos rodeados de basofes!

Fiquei satisfeito por a minha descrição científica do basofe, bater certo com os espécimes que o cidadão comum encontra na rua. A GreenPeace que me perdoe, mas ficaria ainda mais satisfeito, se esta espécie estivesse em vias de extinção!

Pois é cara celtibera, a cura para o teu irmão, que já apresenta indícios de estar em vias de se "basofar", a nível da medicina tradicional ainda não foi inventada, porque os cientistas insistem em perder tempo com pseudo-pandemias como é o caso da "gripe das aves"! Estes cientistas são uns irresponsáveis...

Portanto aquilo que recomendo, é recorreres às medicinas alternativas, nomeadamente os cartõezinhos do Mestre Bambu, Mestre Mamadu, Mestre Fofana e restantes senhores que se vestem de cortinados extravagantes e certamente põem cartõezinhos na tua caixa de correio, assim como anúncios publicitários no grande jornal Destak, onde devem ser seus accionistas, tal o...destaque que recebem desse jornal.

Confesso que usei outro método, eu tentei exorcizar os meus familiares e amigos, dando-lhes a conhecer o que penso sobre os basofes, ao estilo deste estudo científico que fiz e resultou. Este método é apenas um método experimental, porque as experiências em animais não são autorizadas e existe uma forte legislação a proteger o basofe.

Voltando agora a falar a sério, fizeste muito bem em comentar e esperamos que nos visites e nos escrevas mais vezes. Visto que já demonstraste ter sentido de humor e boa disposição, podes também sugerir temas e/ou mesmo escrever sobre um, que eu e a "dama Veritaz" teremos todo o gosto.

Anónimo disse...

Simplesmente excelente :P se bem q eu ainda acho q o basofe difere do guna não só pelo tipo de brincos e colorações do cabelo como também pelo modo de abordagem Robin das Streets....mas isto a "brother" Veritaz perceberá :)
A todos aqueles que pretendem salvar familiares da gunação fica uma dica : confisquem todos os bonés que não caibam na cabeça! Existe uma preferência comprovada por este adorno :)
Gostava d ver um estudo científico sobre uma variante em ascensão, que está a ganhar terreno nesta actividade interessante...A GUNA ou A BASOFE...a dama é a garina do basofe, mas a basofa é a sister do basofe...n sei s perceberam :P

Sem mais, espero q n vos fechem o blog como é hábito lol um abraço musculado pros dois, sem ritual dos cornos